Bloco das Piranhas agita Quissamã

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Já passava das 16h da segunda-feira de carnaval quando, lentamente, ao som de marchinhas de carnaval, elas começaram a chegar. De carro, a pé, em grupos ou até mesmo sozinhas, elas traziam um colorido todo especial à avenida Barão de Vila Franca, em Quissamã. Lá estavam baianas, marinheiras, japonesas, coelhinhas da playboy, colegiais, a Chapeuzinho Vermelho, a Emília e a Mulher Maravilha. Mas muito se engana quem pensa que elas eram mulheres quaisquer. Na verdade, nem mesmo mulheres eram.

As personagens que ganharam a avenida, eram todos homens, pelo menos no restante dos dias do ano. Eles são participantes do Bloco das Piranhas, uma tradição do carnaval de Quissamã que se conserva há mais de vinte anos. Ela surgiu antes mesmo da emancipação do município, em 1989 e vem a cada ano trazendo mais “meninas” para a folia. A brincadeira é simples: os homens se vestem de mulher e saem às ruas, acompanhados por um trio elétrico e outros foliões sem coragem o suficiente pra liberar o lado feminino.

Como manda a tradição, a festa desse ano começou na praia de João Francisco, com um mini trio elétrico que puxou a carreata das piranhas em direção ao centro da cidade. Chegando na praça da Igreja Matriz, as participantes foram recepcionadas por um trio elétrico maior, comandado por Dom Américo e sua banda. Vestido de anjinho, o cantor entoou sucessos da música baiana e ainda fez uma homenagem ao Senhor Euclides, famoso folião de Quissamã já falecido, compondo uma música para ele. A partir daí, então, as piranhas debutantes e veteranas, entraram na dança.

“Eu estou gostando muito da festa. Não sou daqui e é a primeira vez que estou participando. Também foi a primeira vez que me vesti de mulher, vou voltar outras vezes”, disse Panagiodis Camilo, da cidade de Santos, que ontem atendia pelo nome de Marmotona. Ele estava acompanhado por Carlos Alberto Moraes, ou Lady Vaga, de Belford Roxo e Jadson Santos, também conhecido por Baixoncê, de Salvador. Os amigos vieram visitar parentes e acabaram caindo na folia. “É a primeira vez que estive aqui, está muito bom, mas tem muita concorrência com todas essas piranhas”, brinca Lady Vaga.

Mas enquanto os homens soltam a franga, o que fazem as mulheres? “A gente zoa, se diverte igual a eles. Mas nós que somos mulheres prevalecemos, somos originais”, diz a quissamaense Ana Lúcia da Silva, costumeira participante do bloco. Ana veio acompanhada de Uislaine, ou melhor, o namorado Willian da Silva dos Santos. “Eu saio todo ano. Já são sete anos aqui. O melhor é ver o povo se divertindo, além de se vestir de piranha”, brinca.

O prefeito Armando Carneiro, sem fantasia, acompanhou o desfile do alto do camarote da prefeitura e saudou os foliões. Ele lembrou como o município acolhe gente de todo o lugar durante o evento. “Esse baile se tornou uma tradição no município, vindo gente de vários outros lugares. As pessoas já acordam se vestindo de mulher. É uma brincadeira muito saudável. As pessoas participam tranquilas, em segurança e ainda é uma forma de brincar bastante original”, diz o prefeito. A secretária de Cultura, Alexandra Moreira, corroborou o discurso. “Este é o dia mais alegre do carnaval, em todos os sentidos. Procuramos incrementar a festa, mas sem tirar a originalidade das pessoas, que a cada ano se aperfeiçoam. Estamos bolando um concurso para a melhor piranha, o que deve acontecer só no ano que vem”, diz.

Após mais de cinco horas de muita música, Dom Américo deu lugar à outro trio elétrico, dessa vez ocupado pela banda Axé Hits, que entrou a noite animando as piranhas que ainda resistiram. O trio continuou o caminho na Barão de Vila Franca, por onde passavam os foliões. Paralela à folia, em Barra do Furado, a Banda Corpo Suado animou Barrinha, com show que teve início às 15h. A segurança do bloco e dos shows foi feita pela Guarda Civil Municipal e pela Polícia Militar.

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