Cobertura completa da campanha "Royalties para quem produz" em Campos

Ururau/Divulgação








Comércio fecha em sinal de protesto

O comércio de Campos fechou as portas às 16h desta quinta-feira (4) para aderir ao movimento “Justiça para quem produz”. Às 14h horas, o presidente da Associação de Comerciantes e Amigos da Rua João Pessoa e Adjacências (Carjopa) e comerciante, Eduardo Chacur, baixou as portas do seu estabelecimento e se dirigiu com seus 10 funcionários para a Praça São Salvador, na luta à favor dos royalties no município.

- Este é um momento histórico no município, por isso, não deixamos de participar. Nesta mesma praça de Campos, praça São Salvador, foi assinado a Lei dos Royalties e hoje, aqui mesmo, vamos lutar para que se mantenha a indenização. Hoje em dia, nossa cidade depende dos royalties para manter projetos em segmentos como construção civil, empregabilidade e saúde, por isso, entramos como verdadeiros cidadãos nessa luta —ressalta Eduardo.



Estudantes conscientizados a respeito do futuro de Campos

A possibilidade de Campos perder uma fatia considerável do que hoje é destinado aos royalties, caso a emenda Ibsen seja aprovada, está deixando estudantes do município preocupados com o futuro. Durante o ato público, alunos de diferentes escolas foram unânimes em afirmar que, sem os recursos do petróleo, a cidade terá poucos atrativos e o jeito será buscar fora espaço no mercado de trabalho.

- Caso não tenhamos mais royalties, a situação vai ficar muito complicada. A cidade praticamente pára. Temo pelo nosso futuro - disse Luiz Henrique França, 16 anos, aluno do 1º ano do ensino médio de uma escola da rede privada. Para Aline Fontenele, 15 anos, aluna do Liceu de Humanidades, Campos ficará numa situação complicada. “Tudo ficará mais difícil, principalmente para quem começa a vida agora”, disse.

A avaliação do aluno da Escola Agrícola, Walace Gomes de Souza, 16 anos, é a mesma dos colegas. “Não consigo pensar direito no que acontecerá, mas não tenho dúvidas de que quem fez seus planos terá que revê-los”, observou. Fernanda Cassans, 17 anos, aluna do ensino médio do Colégio Estadual XV de Novembro, disse que caso seja aprovada a redistribuição dos royalties, “em Campos se acabará tudo o que o povo precisa”.

Saúde, Guarda Municipal e Emut apóiam mobilização

A secretaria de Saúde montou um posto de atendimento médico na Praça São Salvador para atender a qualquer tipo de emergência que pudesse surgir durante a mobilização em defesa dos royalties do petróleo. O posto funcionou na sede do Serviço de Atendimento ao Cartão Campos Cidadão (SAC). A estrutura do evento contou, ainda, com o apoio da Guarda Civil Municipal, da Polícia Militar e de agentes de trânsito da Empresa Municipal de Transportes (Emut).

- Estamos prontos para atender a todo tipo de emergência. Além de três ambulâncias equipadas, três médicos e equipes de enfermeiros e técnicos, trouxemos um desfibrilador para o caso de problemas cardíacos. As equipes estão preparadas para realizar qualquer tipo de remoção para hospitais, caso seja necessário - disse a supervisora de eventos da secretaria de Saúde, Vera Benzi.

A Polícia Militar esteve com patrulhamento reforçado na Praça, para garantir a segurança de todos os presentes. A Guarda Municipal fechou ruas que dão acesso à Praça, como a Carlos de Lacerda e a 21 de Abril. Além disso, o trânsito da Avenida Rui Barbosa (Beira-Rio) foi modificado para garantir o acesso dos ônibus que chegam ao local, com o apoio da Emut.



Justiça para quem produz une vereadores de Campos e região

O movimento “Justiça para quem produz”, em defesa dos royalties do petróleo, realizado na Praça São Salvador, liderado pela Prefeita Rosinha Garotinho, contou com a presença de vereadores de Campos e de outros municípios.

O líder do governo na Câmara, Jorge Magal, afirmou que o ato mostrou a força do povo do interior. “O grito partiu de Campos, através da nossa líder, a Prefeita Rosinha Garotinho, e vai se estender. O petróleo é nosso. Quem produz tem de receber pelo que produz.Estamos dispostos a enfrentar o Congresso”, disse.

O vereador Papinha também enfatizou que o povo está unido. “A indenização é um direito nosso. É um recurso do município. O Congresso está querendo rasgar a Constituição”, afirmou Papinha. Também participaram os vereadores Gil Viana, Kellinho, Vieira Reis, Maria da Penha, Rogério Matoso, Ederval Venâncio, Albertinho, Altamir Bárbara e Odisséia Carvalho.

Da região - De outros municípios, estiveram presentes, Tininho e Juninho do Estaleiro (São Francisco do Itabapoana), Juninho Selen (Quissamã), Mariete Navarro (presidente da Câmara de Cardoso Moreira), José Geraldo (Cardoso Moreira) e Wilson Nogueira (presidente da Câmara de Italva), entre outros.

Artistas aderem ao movimento cantando

Aderindo ao movimento “Justiça para quem produz”, liderado pela Prefeita Rosinha Garotinho, os músicos de Campos participaram na noite desta quinta-feira (4), em um trio elétrico, na Praça São Salvador, da manifestação regional. Durante o ato, Dom Américo, Gil Paixão, Banda A Massa e a dupla sertaneja Átila e Charles não esqueceram de conscientizar a população em relação as perdas que a cidade vai sofrer sem os royaties do petróleo.


Ambulantes aderem ao movimento pelos royalties

Diversos ambulantes aproveitaram a manifestação em defesa dos royalties do petróleo, para também garantir seu sustento. Vendedores de pipoca, churros e doces estão unidos pela causa do município, inclusive, o presidente da Associação de Ambulantes, Gilberto Lemos.

- Trabalho há mais de 20 anos como ambulante em Campos, e me senti no direito de vir lutar em favor dos royalties, já que sem ele a população é diretamente afetada. Sou campista, tenho que lutar e defender o direito de dizer que o que é nosso - declara Gilberto.

Ivan Rangel de Abreu, também trabalha há mais de 20 anos vendendo pipoca e está preocupado com a situação, caso reduzam os recursos dos royalties do petróleo que Campos tem direito. “Com a queda do dinheiro para o município, nós também seremos afetados, já que as vendas vão diminuir”, ressalta o pipoqueiro.

A doceira Marinês Fernandes, que também aderiu ao movimento, trabalha diretamente com os comerciantes e funcionários da prefeitura há mais de 15 anos. “Se estes funcionários não tiverem dinheiro, não teremos como vender. Por isso, além de estar aqui comercializando minha mercadoria, luto pelo meu sustento diário e de toda a população também”, conclui a ambulante.


Passagem gratuita fortalece mobilização

Milhares de pessoas usufruíram da passagem gratuita nesta quinta-feira (4), uma iniciativa da prefeita Rosinha Garotinho para a mobilização “Justiça para quem produz”, realizada na Praça São Salvador. O itinerário dos ônibus foimantido. Até às 20 horas quem vier em direção à praça não pagará passagem. Depois das 20 horas, quem voltar para os bairros e distritos também não pagará passagem. A passagem gratuita foi definida depois de reunião com os 14 empresários de ônibus de Campos.

-Os passageiros entram pela porta da frente, sem passar pela roleta. E, neste período, não está sendo exigido o Cartão Cidadão - , informou o diretor técnico da Empresa Municipal de Transportes (Emut), Sidnei Santana.

O motorista da Auto Viação São João, Robson Peixoto, que faz a linha Calabouço-Centro, completa. “Está bem movimentado. Tem muita gente vindo para a mobilização. Os ônibus estão chegando cheios” , afirmou o motorista.

-A passagem de graça incentivou muita gente a vir para a mobilização. Está todo mundo vindo. Os royalties têm que continuar. É injustiça tirar os royalties daqui. É a mesma coisa se pegassem o ouro de Minas - , disse o escrevente Laudeci da Silva Júnior, 46 anos, se referindo aos royalties recebidos pelo estado de Minas Gerais.

Animadores marcaram presença na mobilização
Os animadores culturais da secretaria de Educação também participaram da mobilização “Justiça para quem produz”. Usando perucas coloridas e maquiagem, alguns integrantes do grupo tinham no rosto a pintura que lembra o verdadeiro sentido do ato: a gota de petróleo. O objetivo da manifestação foi repudiar a emenda Íbsen, prevista para ser votada no próximo dia 10.

Caso seja aprovada, a emenda vai fazer municípios produtores perderem de 70% a 90% de arrecadação. Em Campos, de R$ 838 milhões recebidos de royalties, no ano passado, de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), passaria a areceber R$ 1,5 milhão ao ano. As perdas também incluem R$ 1 bilhão, ao ano, de Produto Interno Bruto (PIB).

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